Saúde e Anatomia:
"Faze aos Outros..."
Vegetarianismo: Alimento puro para o corpo e para o espírito
Hoje em dia, com a crescente evidência do efeito crítico da dieta na saúde e na longevidade, um número cada vez maior de pessoas está levantando esta pergunta: Ao corpo humano é mais apropriada uma dieta vegetariana ou uma dieta que inclua carne?
Na busca das respostas deve-se considerar duas áreas: a estrutura anatômica do corpo humano e os efeitos físicos do consumo de carne. Visto que o ato de comer principia nas mãos e na boca, o que poderá nos revelar a anatomia destas partes do corpo? Os dentes humanos, da mesma forma que aqueles dos herbívoros, são projetados para mastigar e triturar substâncias vegetais. Os seres humanos não possuem os agudos dentes frontais que se destinam a cortar carne e que são característicos dos carnívoros. Os animais que comem carne geralmente deglutem seu alimento sem mastigá-lo e, portanto, não necessitam de molares ou de uma mandíbula capaz de mover-se lateralmente.
Também a mão humana, sem unhas aguçadas e com seu polegar que pode fazer oposição aos outros dedos, é mais adequada para colher frutos e vegetais do que para capturar uma presa.
Em 1961 o Journal of the American Medical Association (Jornal da Associação Médica Americana) afirmou que “90 a 97% das doenças cardíacas que são a causa de mais da metade das mortes nos Estados Unidos, poderiam ser prevenidas através de uma dieta vegetariana.” Estes achados são fortalecidos por um relato da Associação Médica Americana, que declara: "Em estudos bem documentados de populações utilizando métodos padronizados de dieta e avaliação de doença coronária... a evidência sugere que uma dieta de gorduras altamente saturadas é um fator essencial para uma alta incidência de doença cardíaca coronária".
A Academia Nacional de Ciências também relatou recentemente que o alto nível de colesterol sérico encontrado na maioria dos americanos é um fator importante na "epidemia" de doença cardíaca coronária nos Estados Unidos.
A Academia Nacional de Ciências relatou em 1983 que "as pessoas serão capazes de prevenir muitos tipos de câncer ao comer menos carnes gordurosas e mais legumes e grãos".
E em seu Notes on the Causation of Câncer (Anotações Acerca da Causa do Câncer), Rollo Russel escreve: "Verifiquei que entre 25 países alimentando-se amplamente de carne, 19 apresentavam uma alta incidência de câncer e apenas um mostrava baixa incidência, e que entre 35 países alimentando-se de pouca ou nenhuma carne, nenhum apresentou uma alta incidência".
E a Proteína?
Muitas vezes a menção do vegetarianismo provoca uma reação esperada: "E a proteína?" A isto o vegetariano poderia muito bem replicar: "Que me diz você do elefante? E do touro? E do rinoceronte?" Tanto as idéias de que a carne tenha o monopólio da proteína quanto as de que grandes quantidades de proteína sejam necessárias para a obtenção de força e de energia não passam de mitos.
Enquanto digerida, a maioria das proteínas se decompõe em seus aminoácidos constituintes que novamente se unem, sendo usados pelo corpo para seu crescimento bem como para a reposição tissular. Destes 22 aminoácidos apenas oito não são sintetizados pelo próprio corpo, e estes oito "aminoácidos essenciais" existem em abundância em alimentos não cárneos. Leite e derivados, grãos, feijões e nozes são todos altamente providos de proteína.
Queijo, amendoim e lentilhas, por exemplo, contém peso por peso, mais proteína do que hambúrguer, carne de porco ou rosbife. Um estudo conduzido pelo Dr. Fred Stare de Harvard e pelo Dr. Mervyn Hardinge da Universidade de Loma Linda fez extensas comparações entre a ingestão protéica dos vegetarianos e dos carnívoros. Eles concluíram que "cada grupo excedia duas vezes o conteúdo de cada aminoácido essencial e a maioria deles ultrapassava em grande parte este valor".
Dano ao meio ambiente:
Outro preço que devemos pagar pelo consumo da carne é a deterioração do meio-ambiente.
O Serviço de Pesquisa Agrícola dos Estados Unidos considera o sistema de esgoto altamente contaminado dos matadouros e dos pastos de alimentação como uma importante fonte de poluição dos rios e correntes da nação. Está se tornando cada vez mais evidente que as fontes de água pura deste planeta estão não apenas ficando poluídas como também estão sendo esgotadas, e a indústria da carne é especialmente destrutiva. Em seu livro Population, Resourses and Environment, Paul e Anne Ehrlich observaram que, para se cultivar meio quilo de trigo era necessário apenas 27 litros de água, ao passo que a produção de meio quilo de carne requeria entre 1.125 e 2.700 litros de água. E em 1973 o New York Time Post revelou este surpreendente abuso de um valioso recurso nacional: verificou-se que uma enorme instalação para matar galinhas estava utilizando 378 milhões de litros de água por dia! Este mesmo volume poderia suprir uma cidade de 25 mil habitantes!.
Conflito social:
O processo desgastante da produção de carne, que requer maiores extensões de terra do que a agricultura dos vegetais, tem sido uma fonte de conflito econômico na sociedade humana por milhares de anos. Um estudo publicado em Plant Foods for Human Nutrition revela que meio hectare de cereais produz cinco vezes mais proteínas do que meio hectare de pastagem reservado à produção de carne. Meio hectare de espinafre, 28 vezes mais proteína. Fatos econômicos como estes eram conhecidos dos antigos gregos. Na República de Platão, Sócrates, o grande filósofo grego, recomendava uma dieta vegetariana porque ela permitiria ao país usar de maneira mais inteligente seus recursos agrícolas. Ele alertou que, se as pessoas começassem a alimentar-se de animais, haveria maior necessidade de campos de pastagens. "E a nação que era capaz de sustentar seus habitantes originais se tornará, agora, muito pequena; e isso não é bastante?", perguntou ele a Glauco, o qual respondeu que isto era de fato verdadeiro. "E, conseqüentemente, iremos à guerra, Glauco, não iremos?" Ao que Glauco replicou: "Com toda a certeza".
É interessante notar que o consumo de carne desempenhou um notável papel em muitas das guerras durante a era da expansão colonial européia. O comércio de especiarias com a índia e com outras nações do Oriente foi motivo de grande contenção. Os europeus mantinham-se com uma dieta de carne preservada com sal. Com o objetivo de dissimular e variar o sabor monótono e desagradável de sua comida, eles compravam avidamente grandes quantidades de temperos. Tão colossais eram as fortunas feitas com o comércio de especiarias que os governos e os mercadores não hesitavam em valer-se das armas para garantir as fontes de suprimentos.
Na era atual, ainda existe a possibilidade de conflitos de massa tendo como base o alimento. Em agosto de 1974, a Agência Central de Inteligência (CIA) publicou um relato avisando que em futuro próximo poderá não haver alimento suficiente para a população do mundo, "a menos que as nações ricas diminuam rápida e drasticamente seu consumo de animais criados com cereais".
"Faze aos Outros..."
“Não tenho dúvida de que a suspensão do consumo de animais faz parte integrante do destino da raça humana em seu aperfeiçoamento gradual”.
Thoreau
“Sinto que o progresso espiritual requer, em uma determinada etapa, que paremos de matar nossos companheiros, os animais, para satisfação de nossos desejos corpóreos”.
Gandhi
Prasada: Alimento Espiritual
Em toda cultura Védica (cultura e religião da Índia antiga, baseadas na literatura chamada Vedas) é comum o hábito do vegetarianismo por diversos motivos: sociais, econômicos, filosóficos, de saúde, e principalmente, religiosos.
Antes de ingerir qualquer alimento vegetariano, todo seguidor dos Vedas oferece este alimento a Deus, Krishna, em reconhecimento ao fato de que tudo pertence Ele, devendo a comida, portanto, ser ofertada a Ele antes de ser provada por qualquer outra pessoa. Somente depois disto, é permitido degustar a comida, que agora, se tornou “prasada”, termo que significa misericórdia de Deus, em sânscrito.
Em toda cultura Védica (cultura e religião da Índia antiga, baseadas na literatura chamada Vedas) é comum o hábito do vegetarianismo por diversos motivos: sociais, econômicos, filosóficos, de saúde, e principalmente, religiosos.
Antes de ingerir qualquer alimento vegetariano, todo seguidor dos Vedas oferece este alimento a Deus, Krishna, em reconhecimento ao fato de que tudo pertence Ele, devendo a comida, portanto, ser ofertada a Ele antes de ser provada por qualquer outra pessoa. Somente depois disto, é permitido degustar a comida, que agora, se tornou “prasada”, termo que significa misericórdia de Deus, em sânscrito.
No Restaurante Govinda não é diferente. Toda a comida é abençoada antes de ir para a mesa, o que vem proporcionar não apenas o bem-estar físico, como também o bem-estar mental e espiritual.
Vegetarianismo: Alimento puro para o corpo e para o espírito
*Parte deste artigo foi retirado do livro "Gosto Superior", de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Editora: BBT.